quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sorria Mais SP levará assistência odontológica a hospitais estaduais

Projeto-piloto foi implantado em agosto no maior hospital público do ABC e agora será expandido para toda a rede

O governador Geraldo Alckmin lançou nesta quarta-feira, 1º, o programa Sorria Mais São Paulo. Pioneiro no País, o projeto visa integrar o trabalho realizado por dentistas ao das equipes multidisciplinares, formadas por médicos, profissionais de enfermagem, nutrição e assistência social, entre outros e será implantado em toda a rede de hospitais estaduais.

O projeto-piloto foi implantado em agosto de 2011 no Hospital Estadual Mario Covas, em Santo André, o maior público do ABC paulista. O objetivo é garantir a manutenção da saúde bucal tanto dos pacientes internados como também os portadores de doenças crônicas atendidos regularmente nas unidades.
 
"São três programas importantes para a saúde bucal. Primeiro: passamos de 199 para 350 cidades no nosso programa de atendimento à saúde bucal. Segundo: a fluoretação da água. Faltam só 40 cidades para chegarmos a 645 municípios com a água fluoretada, evitando a cárie. Terceiro: o nosso grande programa de odontologia hospitalar. É a presença do cirurgião-dentista nas UTIs, nos tratamentos oncológicos, enfim, cuidando da saúde da população, e da população mais debilitada, hospitalizada", explicou Alckmin.

Hoje o acompanhamento odontológico acontece em hospitais especializados, como o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids e Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas). A proposta é ampliar este tipo de atendimento aos hospitais gerais da Secretaria da Saúde, que normalmente possuem apenas serviço de atendimento buco-maxilo.

"A inserção do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional de atendimento de pacientes em hospitais contribui para minimizar o risco de infecção, melhorar a qualidade de vida e reduzir o tempo de internação além de promover um atendimento completo ao paciente", afirma o secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri.

A partir da experiência implantada no Hospital Estadual Mario Covas, o Governo irá expandir o programa a outros hospitais da rede pública estadual, em parceria com as faculdades públicas de odontologia, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) e Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD).

No Hospital Estadual Mário Covas foram atendidos 615 pacientes da Unidade de Terapia Intensiva, com visitas diárias de um cirurgião dentista para realização de exames clínicos para identificar possíveis focos de infecção, além de orientá-los sobre a higiene bucal.

Neste período foram realizados 774 procedimentos entre obturações, extrações e tratamento de focos de infecção em mucosas orais. Foi possível dimensionar a necessidade de recursos humanos para o hospital, levando em consideração, também, sua demanda médica, bem como determinar os reais custos para a implantação do programa de odontologia hospitalar e o custeio da manutenção do projeto.

Além do Mário Covas, outros sete hospitais da rede estadual deverão receber o programa neste ano: Hospital Geral do Grajaú, na capital, Hospital Geral de Carapicuíba, na Grande São Paulo e, no interior, os hospitais estaduais do Vale do Paraíba (Taubaté), Bauru, Américo Brasiliense e Sumaré, além do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

A expectativa é de que até 2014 toda a rede hospitalar estadual ofereça acompanhamento odontológico a pacientes internados. O investimento projetado, quando o projeto estiver em todos os hospitais, é de R$ 35 milhões por ano.

Benefícios da odontologia hospitalar
 Nos três meses de Projeto Piloto no Hospital Mário Covas foi possível verificar os seguintes benefícios aos pacientes:
* Crianças portadoras de determinados tipo de câncer, que receberam metotrexato (droga que tem como efeito colateral ulcerações em boca), no atendimento odontológico tiveram os focos de infecção removidos, além de dicas de como higienizar a boca durante quimioterapia. Nesta fase foi possível zerar a reinternação dessas crianças, que começaram a se alimentar normalmente pela boca (não precisaram de sonda). Não tiveram dificuldades pra falar e passaram a receber menos medicação para dor e menos antibióticos;
* Pacientes psiquiátricos graves, que estavam completamente abalados por dor de dente ficaram menos agitados com o atendimento odontológico;
* Foi possível, ao cirurgião dentista presente no Mário Covas, identificar o que posteriormente foi confirmado como diagnóstico de um sarcoma de Kaposi (tumor maligno) em um paciente portador de HIV;
* Aos pacientes da UTI, o dentista pôde avaliar se algum foco de infecção estava comprometendo seu estado de saúde. 

Da Secretaria da Saúde do Governo do Estado de São Paulo, em 01.02.2012

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

RX portátil sem necessidade de proteção para o operador

Conforme publicado pelo colega Paulo Pimentel no "Portal da Medicina Oral", em 24.02.2012


Um dos produtos que mais me chamou a atenção no último CIOSP, foi o aparelho de raios X portátil, chamado Nomad. Apesar do preço salgado (faixa dos 12-13 mil dólares) ele possui facilidade de manuseio e transporte, útil no atendimento hospitalar, domiciliar e até mesmo ambulatorial, pois possui uma bateria própria com elevado tempo de carga.

O aparelho de fabricação estadunidense utiliza um protetor de raios X transparente acoplado à ponta do cilindro que, segundo o fabricante, protege o operador dos raios secundários gerados na exposição. No stand foi mencionado que o aparelho tinha sido utilizado na identificação de cadáveres em acidentes aéreos e que seu emprego em Odontologia Legal seria uma de suas indicações.

Outra opção mais em conta é o uso do aparelho de RX portátil com tripé de máquina fotográfica, que a brasileira Odontocase comercializa (faixa de 2-3 mil reais), que também pode ser utilizado nos mesmos ambientes, dependendo apenas da existência de uma tomada (e uma extensão).

Raciocinando de modo bem simples, afinal não conheço bem o aparelho Nomad muito menos sou radiologista, acredito que seu maior diferencial para o modelo brasileiro seja a proteção radiológica que não exige a saída do operador do local onde há a emissão dos raios X. A bateria recarregável não seria, a meu ver, um item obrigatório para o atendimento extra ambulatorial, especialmente se for uma das justificativas para o preço elevado.

Assim, se é possível a instalação do protetor na extremidade do cilindro (similar ao que é usado nos aparelhos fotopolimerizáveis) para permitir seu uso sem que seja preciso sair da sala (pois é alegado que a ANVISA já o aprovou), porque não se fabricar um protetor similar para utilizar no barato modelo brasileiro?

Fico ainda matutando se realmente ele é seguro, afinal se a proteção que ele proporciona é tão eficaz, porque temos de satisfazer tantas exigências para ter um aparelho convencional nos nossos consultórios…

Veja mais notícias sobre o Nomad sendo utilizado na USP no link http://www.fo.usp.br/?p=7513
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Complemento em 26-02-2012:

- O site da fabricante do Nomad (Aribex) é http://www.aribex.com/

- Autorização da ANVISA (ver aqui)

- Certificação no site do INMETRO (ver aqui e aqui)

- Site da empresa que importa o produto: http://www.engemed.com.br/engemed_industria/index.php

- Site do Laboratório de Ciências Radiológicas da UERJ - http://www.lcr.uerj.br/ (responsável designado pela ANVISA no RJ para o cumprimento da resolução 453-98).

- Portaria 453 de 1998 do Ministério da Saúde que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico (ver http://www.lcr.uerj.br/downloads/portaria_SVS_453_98.pdf).

(*) observar na portaria 453-98 o Capítulo 5, especialmente o item 5.2 que diz “O equipamento de radiografia intra-oral deve ser instalado em ambiente (consultório ou sala) com dimensões suficientes para permitir à equipe manter-se à distância de, pelo menos, 2 m do cabeçote e do paciente.”

Observar ainda o item 5.7, letra g: “g) O botão disparador deve ser instalado em uma cabine de proteção ou disposto de tal forma que o operador que o maneje possa ficar a uma distância de, pelo menos, 2 m do tubo e do paciente durante a exposição.”

Ler também os ítens 5.9, letras b, c. Neste último se diz “c) O operador ou qualquer membro da equipe não deve colocar-se na direção do feixe primário, nem segurar o cabeçote ou o localizador durante as exposições.” 

Juiz determina criação de Centro para Atendimento de Pacientes Fissurados

Conforme publicado no site do CRO-RN, em 19 de fevereiro de 2012

O juiz da 3ª Vara da Infância e Juventude, Homero Lechner de Albuquerque, julgou procedente o pedido do Ministério Público do RN e condenou o Estado e o Município de Natal a formalizarem e implementarem, nos termos do Plano Estadual da Rede de Assistência em Fissura Lábio-Palatal, no prazo de 180 dias, o Centro de Referência de Atendimentos de Paciente Fissurado no RN.

O centro será composto por unidades assistenciais de Alta Complexidade, que ficará a cargo da UFRN, por intermédio do complexo Hospitalar de Saúde, composto pelas seguintes unidades: Hospital de Pediatria da UFRN, Maternidade Januário Cicco, Hospital Universitário Onofre Lopes e Departamentos de Odontologia e Farmácia.

O magistrado determinou também que providenciem o credenciamento do Centro junto à Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, a fim de viabilizar a transferência das verbas federais necessárias ao atendimento dos pacientes fissurados, bem como procederem à notificação compulsória de todo nascimento de criança com fissura labial e/ou palatina na rede de maternidades públicas, mantendo cadastro obrigatório dos pacientes fissurados.

O juiz também quer o encaminhamento da criança portadora da fissura labial e/ou palatina para os locais aptos a realizarem o adequado tratamento, no âmbito do RN, conforme fluxo de referência e contra-referência estabelecido pelo plano de atendimento ao paciente fissurado.

A decisão do magistrado também pede a promoção de campanha educativa junto aos profissionais de saúde e as famílias das crianças portadoras de fissura labial e/ou palatina, sobre a necessidade de tratamento imediato por equipe especializada.

De acordo com a sentença, publicada no dia 27 de janeiro de 2012, no caso de descumprimento da decisão judicial, será aplicada a multa no valor de mil reais por cada dia de descumprimento, a contar do primeiro dia após a expiração do prazo estipulado (180 dias).
A multa incidirá na pessoa do Secretário de Saúde que der causa, podendo ser Municipal, Estadual ou até mesmo ambos.

Essa ação foi interposta pela 47ª Promotoria de Justiça em Defesa da Saúde Pública do RN, em meados de 2003, devido ao elevado número de demandas reprimidas quanto do tratamento de pacientes Infanto-juvenis acometidos do mal congênito classificado como Lesões Lábio-Palatais.

De acordo com os autos, existe uma demanda reprimida de 2.563 pacientes fissurados e ficou constatado que somente dois estabelecimentos hospitalares, Hospital de Pediatria da UFRN e o Hospital Infantil Varela Santiago. estavam qualificados a realizar as cirurgias necessárias à reparação da lesão lábio-Palatais, cada qual atuando isoladamente.

Tanto o município quanto o Estado alegaram em suas contestações que não são os únicos responsáveis pela prestação da saúde nesta unidade da federação, bem como que não possuem recursos necessários para o cumprimento das determinações que por ventura os obriguem a concretização de políticas públicas que visem a garantia integral da saúde local.

"No entanto, entendo que a tese alegada pelos réus não merecem guarida, uma vez que a Carta Magna de 88 trata as questões de saúde como sendo uma das atribuições do Município visto tratar-se de matéria de interesse local. (...) É o Município quem presta, quem age, quem desenvolve as políticas públicas necessárias à concretização das obras de supressão das carências populacionais em relação à saúde pública. À União e ao Estado cabe somente o auxílio técnico e financeiro", destacou o juiz da 3ª Vara da Infância e Juventude, Homero Lechner. 

Segundo ainda o magistrado, o poder público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional.

"O direito à vida não pode ser entendido como sendo direito à sobrevida, a população dever possuir o mínimo possível para o gozo de uma vida dignamente humana e isso compreende a plena garantia à saúde. Ora, no caso vertente , como dito, já existe um programa estadual para o atendimento de pacientes com fissura lábio-palatal, com ações definidas e com recursos pré-estabelecidos, o que falta e pô-lo em prática", disse o juiz.

Ele ainda acrescentou que "existe sim a necessidade da aquisição de novos equipamentos, bem como de adoção de políticas publicas, por parte do Município e do Estado demandado, que venham suprir as carências constantes naquele setor, não sendo mais necessário submeter os referidos pacientes ao desgastante e muitas vezes traumático TFD (tratamento fora do domicílio)".

Na setença, o juiz ainda escreveu: "Não se pode admitir que crianças e adolescentes continuem a sofrer graves transtornos de saúde por omissão do Órgão Público responsável pela garantia à saúde, que no caso tem debate são os Entes Públicos demandados".

O processo levou o nº 0010483-45.2009.8.20.0001.
Fonte: TJ/RN

Pesquisas iludem farmacêuticas e pacientes

Dois anos atrás, um grupo de pesquisadores de Boston publicou um estudo descrevendo como haviam destruído tumores cancerígenos atacando uma proteína chamada STK33. Cientistas da empresa de biotecnologia Amgen Inc. logo aproveitaram a ideia e encarregaram mais de vinte pesquisadores de tentar repetir o experimento, com o objetivo de criar um remédio.

Foi um desperdício de tempo e dinheiro. Após seis meses de trabalho intensivo em laboratório, a Amgen concluiu que não conseguiria replicar os resultados e descartou o projeto.
"Fiquei decepcionado, mas não surpreso", diz Glenn Begley, vice-presidente de pesquisas da Amgen em Thousand Oaks, na Califórnia. "É comum não conseguir reproduzir resultados" publicados por pesquisadores em revistas especializadas.

Este é um dos "segredinhos" da medicina: a maioria dos resultados, inclusive os que aparecem em publicações de primeira linha com revisão pelos pares, não podem ser reproduzidos.

"É uma questão muito séria e preocupante porque, obviamente, engana as pessoas", que implicitamente confiam em resultados publicados em revistas respeitadas, diz Bruce Alberts, editor da revista "Science". A publicação científica americana dedicou grande parte de sua atual edição ao problema da "replicação de experiências científicas".
[wsjamb2dec05]
A reprodutibilidade é o alicerce de toda a pesquisa moderna, o padrão pelo qual as afirmações científicas são avaliadas. Os fabricantes de medicamentos dependem muito da pesquisa acadêmica em estágio inicial e podem desperdiçar milhões de dólares em produtos, se depois se verificar que os resultados originais não são confiáveis. Pacientes podem se inscrever em ensaios clínicos com base em dados conflitantes, e por vezes não se beneficiar, ou mesmo sofrer efeitos colaterais perigosos.

Há também um problema mais traiçoeiro e mais difundido: a preferência por resultados positivos.

Ao contrário das empresas farmacêuticas, os pesquisadores acadêmicos raramente realizam experimentos de maneira "cega". Isto torna mais fácil escolher apenas os resultados estatísticos que apoiam um resultado positivo. Na busca de empregos e de financiamento, o crescente exército de cientistas precisa de mais experiências bem-sucedidas em seu currículo, não de experiências fracassadas. Uma explosão de novas revistas científicas e acadêmicas vem contribuindo para aumentar a pressão.

Quando se trata de resultados que não podem ser reproduzidos, Alberts diz que a complexidade cada vez maior dos experimentos pode ser a grande culpada. "Isso tem a ver com a complexidade da biologia e com o fato de que os métodos [usados em laboratórios] estão ficando mais sofisticados", diz ele.

É difícil avaliar se o problema da reprodutibilidade vem piorando; há alguns sinais sugerindo que esse talvez seja o caso. Por exemplo, a taxa de sucesso dos testes clínicos de Fase 2 — onde se mede a eficácia de uma droga em seres humanos — caiu de 28% em 2006-2007 para 18% em 2008-2010, segundo análise global publicada na revista "Nature Reviews" em maio.

"A falta de reprodutibilidade é um elemento do declínio no sucesso da Fase 2", diz Khusru Asadullah, executivo de pesquisas da Bayer AG.

Em setembro a Bayer publicou um estudo relatando que interrompeu quase dois terços de seus projetos iniciais que visavam produzir novas drogas porque os experimentos feitos em seus laboratórios não conseguiram igualar as alegações feitas na literatura.

A empresa farmacêutica alemã informa que nenhuma das alegações que ela tentou validar constava de artigos que foram depois retratados, ou que estavam sob suspeita de serem falhos. Mesmo dados publicados nas revistas de maior prestígio não puderam ser confirmados, segundo a Bayer.

Em 2008 a Pfizer Inc. fez uma grande aposta, com valor potencial de mais de US$ 725 milhões, de que poderia transformar um remédio russo para resfriado de 25 anos de existência em uma droga eficaz contra Alzheimer.

A idéia era promissora. Publicados pela revista "Lancet", os dados de pesquisadores da Faculdade de Medicina Baylor e outros centros de pesquisa sugeriam que o anti-histamínico chamado Dimebon podia melhorar os sintomas em pacientes de Alzheimer.

Descobertas feitas mais tarde e apresentadas por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles em uma conferência em Chicago mostraram que a droga aparentemente evitava a piora dos sintomas por até 18 meses.

"Estatisticamente, os estudos eram muito robustos", diz David Hung, diretor-presidente da Medivation Inc., firma de biotecnologia de San Francisco que patrocinou ambos os estudos.

Em 2010 a Medivation, juntamente com a Pfizer, divulgou dados de seu próprio ensaio clínico para o Dimebon, envolvendo quase 600 pacientes com sintomas leves a moderados de Alzheimer.As duas empresas informaram que não conseguiram reproduzir os resultados da "Lancet". Também indicaram que não encontraram nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os pacientes que tomaram o medicamento em relação aos que tomaram um placebo.

A Pfizer e a Medivation acabaram de concluir um estudo de um ano sobre o Dimebon em mais de 1.000 pacientes, em mais um esforço para ver se a droga poderia tratar Alzheimer. Os resultados devem ser anunciados nos próximos meses.

Os cientistas têm várias teorias sobre por que duplicar resultados pode ser tão difícil. Laboratórios diferentes podem usar equipamentos ou materiais ligeiramente diferentes, levando a resultados divergentes. Quanto mais variáveis há em um experimento, mais provável é que pequenos erros não intencionais acabem fazendo as conclusões se inclinarem de uma forma ou de outra. E é claro que dados que foram manipulados, inventados ou alterados fraudulentamente não resistirão a uma futura análise.

Segundo a Real Sociedade do Reino Unido, em 2007 havia 7,1 milhões de pesquisadores trabalhando no mundo todo em todas as áreas científicas — acadêmicas e empresariais — 25% a mais que cinco anos antes.

"Entre as razões mais óbvias, porém não quantificáveis, há uma competição imensa entre os laboratórios e uma pressão para publicar", escreveu Asadullah e outros da Bayer, em seu artigo de setembro. "Há também uma propensão para publicar resultados positivos, já que é mais fácil conseguir que estes sejam aceitos em boas publicações."

As publicações científicas também estão sob pressão. O número dessas revistas saltou 23% entre 2001 e 2010, segundo a Elsevier, que analisou os dados. Essa proliferação aumentou a competição até mesmo entre as revistas de elite, que podem gerar atenção publicando artigos chamativos, em geral com resultados positivos, para atender à demanda incessante dos meios de comunicação noticiosos.

Alberts, da "Science", reconhece que as revistas cada vez mais têm que encontrar um equilíbrio entre publicar estudos "de interesse amplo", e ao mesmo tempo garantir que não sejam sensacionalistas.

As farmacêuticas também têm uma queda pelos resultados positivos. Um estudo de 2008 publicado na revista "PLoS Medicine" por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco analisou dados de 33 pedidos de registro de novos medicamentos, apresentados entre 2001 e 2002 à FDA, a agência americana que regulamenta os alimentos e medicamentos. A agência exige que as farmacêuticas forneçam todos os dados dos ensaios clínicos. Mas os autores descobriram que uma quarta parte dos dados dos ensaios — em geral desfavoráveis — nunca foi publicada, porque as empresas nunca os apresentaram para revistas especializadas.

Resultado: médicos que receitam os medicamentos aprovados pela FDA muitas vezes nunca veem os dados desfavoráveis.

"Eu diria que publicar dados seletivamente é antiético, pois há seres humanos envolvidos", diz Lisa Bero da UCSF, coautora do estudo da "PLoS Medicine".

Um porta-voz da FDA disse por e-mail que a agência considera todos os dados que recebe ao examinar uma droga, mas "não tem autoridade para controlar o que uma empresa decide publicar."

As empresas de capital de risco também estão encontrando cada vez mais casos de estudos que não podem ser repetidos, e citam esse fato como uma das principais razões que lhes tiram o incentivo de financiar projetos em estágios iniciais. Antes de investir em pesquisas em estágio muito inicial, a Atlas Ventures, firma de capital de risco que apoia empresas de biotecnologia, agora pede a um laboratório externo para validar dados experimentais. Em cerca de metade dos casos os resultados não podem ser reproduzidos, diz Bruce Booth, sócio do grupo de Ciências da Vida da Atlas.
Houve vários casos de destaque nos últimos meses. Por exemplo, em setembro a revista "Science" retratou parcialmente um estudo de 2009 que estabelecia uma relação entre um vírus e a síndrome da fadiga crônica, porque diversos laboratórios não conseguiram reproduzir os resultados publicados. A decisão foi tomada depois que dois dos 13 autores do estudo voltaram a examinar as amostras de sangue e descobriram que estavam contaminadas.

Alguns estudos não podem ser reproduzidos por um motivo mais prosaico: os autores não oferecem todos os dados em estado bruto para cientistas rivais.

John Ioannidis da Universidade de Stanford tentou recentemente reproduzir os resultados de 18 trabalhos publicados na respeitada revista "Nature Genetics". Ele observou que 16 desses artigos afirmavam que os dados subjacentes sobre a "expressão gênica" para os estudos estavam disponíveis publicamente. Mas aparentemente os dados fornecidos não eram detalhados o suficiente, e os resultados de 16 dos 18 artigos principais não puderam ser reproduzidos integralmente por Ioannidis e seus colegas. "Temos que [acreditar na palavra dos colegas] que os resultados estão corretos", disse.

VOLTAMOS

CAROS COLEGAS:

Após algumas semanas sem postar, por motivos de força maior, estamos de volta cheios de novidades!

Saudações,

Equipe do Blog Medicina Oral e Odontologia Hospitalar

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Quimioterapia oral promove nova discussão no Senado

Instituto Oncoguia, associações médicas e oncologistas defendem a cobertura básica dos planos de saúde para a forma oral de tratamento contra o câncer.


O Projeto de Lei (PLS 352/11) da Senadora Ana Amélia (PP/RS), que objetiva alterar a Lei dos Planos e Seguros de Saúde, foi objeto de audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal. No texto, a Senadora propõe a inclusão de tratamento antineoplásico de uso oral domiciliar na cobertura básica obrigatória dos planos de saúde.


O Instituto Oncoguia, organização não-governamental dedicada à promoção do acesso ao cidadão brasileiro à informação, prevenção, diagnóstico e tratamento, a fim de acabar com o preconceito, o sofrimento e as mortes causadas pelo câncer, participou da audiência pública representado por sua presidente, Luciana Holtz. 


A inclusão da cobertura da quimioterapia oral pelos planos de saúde é considerada pelos oncologistas, associações médicas e pacientes uma evolução no tratamento do câncer. A medicação via oral é vista por especialistas como uma terapia eficiente, que causa menos efeitos colaterais e deixa o paciente com mais disposição para as atividades cotidianas.


A autora do projeto de lei, Senadora Ana Amélia, afirma que a quimio oral pode baratear custos, uma vez que o paciente pode realizar o tratamento em casa, o que implica em menos gastos para os hospitais. A Senadora consolidou proferindo que a votação do projeto deve acontecer em 2012.


Para Luciana Holtz, a legislação precisa ser atualizada. “Há uma discrepância entre o desenvolvimento da medicina e a legislação que rege a incorporação de tecnologias nos planos de saúde”. A presidente do Instituto Oncoguia afirma que uma pessoa que paga plano de saúde durante anos tem o direito de receber o melhor tratamento possível. “A realidade hoje de um paciente que paga o seguro saúde é de recorrer ao SUS, muitas vezes por meio de da Justiça, para ter acesso à quimioterapia oral”, completa.


Luciana apresentou levantamento realizado pelo Instituto Oncoguia, apontando que, somente neste ano (2011), o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo analisou 83 ações judiciais contra planos de saúde envolvendo a cobertura de antineoplásicos de uso oral em domicílio, das quais 100% foram favoráveis aos pacientes. Isso mostra que própria Justiça tem interpretado a lei dos planos de saúde considerando a realidade atual e o avanço da medicina. Ela ainda citou que um estudo apresentado em um importante congresso europeu, apontando que a inclusão da quimioterapia oral nos planos de saúde acarretaria em um aumento de apenas R$ 0,50 a mais na conta do usuário.


Para a gerente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Martha Regina de Oliveira, presente na plenária, saber aproveitar a tecnologia que está surgindo contra o câncer é um benefício que deve ser empregado. Martha defendeu que a incorporação de tecnologia é mais rápida nos planos de saúde que no SUS, e destacou que é preciso garantir segurança e transparência para os pacientes.


O diretor clínico do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) o oncologista Paulo Hoff, disse durante a audiência, que novas drogas orais vêm sendo desenvolvidas pela indústria farmacêutica. O médico alerta que, atualmente, há aproximadamente 800 moléculas que estão sendo investigadas, e que, em sua maioria, pode ser facilmente administrada oralmente. Ele ressaltou o alto custo do tratamento e afirmou que um cidadão comum não tem condições financeiras para assumir uma terapia oral, que pode custar mais de R$ 10 mil por mês. Hoff alerta para o envelhecimento da população e do aumento da incidência do câncer no Brasil. Segundo ele, haverá cada vez mais pacientes sendo tratados em casa.


Participaram da audiência pública (PLS 352/11) a Senadora Ana Amélia (PP/RS), o Senador Waldemir Moka (PMDB-MS) – relator do projeto, a gerente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Martha Regina de Oliveira, o diretor clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Paulo Hoff, a presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz de Camargo Barros, Dr. Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira, o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMGE), Arlindo de Almeida.


Oncoguia-Fundado em 2009, em São Paulo, o Instituto Oncoguia tem a missão de promover o acesso ao cidadão brasileiro à informação, prevenção, diagnóstico e tratamento, a fim de acabar com o preconceito, o sofrimento e as mortes causadas pelo câncer.


O Núcleo de Defesa e Cidadania Ativa (Advocacy) do Oncoguia se propõe a ampliar e garantir o acesso do paciente com câncer aos seus direitos, com informações sobre leis de auxílio doença, aposentadoria, medicamentos gratuitos e aposentadoria por invalidez, assim como ampliar a participação popular no planejamento e controle de políticas públicas; o Núcleo de Assistência e Suporte garante o acesso a ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde focando no diagnóstico exato e eficiente e no tratamento digno e de qualidade e o Núcleo de Educação em Saúde compromete-se a disponibilizar informações de qualidade para o paciente, seus familiares e população em geral, sobre cuidados com a saúde, prevenção, bem estar da pessoa com câncer, tratamentos etc.         

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Reunião de Fevereiro de 2012 do GEMOOH-RN

ATA DE ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA DO GRUPO DE ESTUDO EM MEDICINA ORAL E ODONTOLOGIA HOSPITALAR DO RIO GRANDE DO NORTE

A reunião foi iniciada por Dra. Maria Cecilia Aguiar, que resumiu, verbalmente,  o encontro das Comissões Estaduais de Medicina Oral e Odontologia Hospitalar, durante o 30o Congresso Internancional de Odontologia de São Paulo (CIOSP). Relatou que a comissão mais recentemente oficializada é a do Amazonas e que foi solicitada que falasse um pouco da comissão de MOOH do RN, com suas idéias e fatos consolidados. A colega descreveu o GEMOOH-RN como um grupo ainda pequeno, porém em crescimento  acelerado, e com encontros mensais. Enfatizou a idéia de formalizar um evento em atendimento ao paciente hospitalizado e recebeu o apoio de todas as comissões. Sugeriu a formação de duas (2) Assembléias anuais com participantes de todas comissões estaduais, com datas a serem ainda definidas.

Em seguida , Dra Diana Rosado iniciou a  Palestra "Atendimento Odontológico com Equipamento Portátil - H3 Odonto" com conceitos sobre Home=lar e Care= cuidado. Relatou sobre os locais onde a H3 Odonto atua (domicílios, hotéis e instituições de longa permanência). Fez um breve histórico, enfatizando a interrelação engtre boca e corpo, a importância da interdisciplinaridade, possibilidades de se ter equipamentos portáteis, da auto-percepção do indivíduo, da necessidade do mercado e do tratamento odontológico do consultório para o PSF, UTIs e serviços de urgência. Relatou, em seguida, a mudança ocorrida nos hospitais em relação a orientação da higiene oral com a inserção do Cirurgião-Dentista em equipes hospitalares e a interrelação entre a saúde bucal e do corpo. Seguindo com a palestra, Dra Diana narrou os focos do homecare: pacientes que nãio dispõem de horário, pessoas com pânico do ambiente do consultório, pessoas sem possibilidades de se deslocar até o consultório fixo, restritas ao leito, restritas a cadeira de rodas, com dificuldade de deambular, com dificuldades de ser transportado, em internação hospitalar, pessoas que, pela patologia ou pelo tratamento desta, não pode sair de casa. Descreveu também os tipos de acompanhamento (prevenção) realizados mais de uma vez por semana, semanal, quinzenal; e os tipos de controle realizados a cada 3, 4 ou 6 meses. Foi descrito a técnica de escovação ensinada  para os cuidadores e pacientes, os abridores de bocas, os colutórios e as escovas de dentes apropriadas.  Relatou o plano de tratamento, os cuidados durante o atendimento, a importância de discutir o caso com a equipe envolvida e solicitar contatos e  a autorização para uso de imagens, Descreveu os tipos de equipamentos portáteis, como fazer abridores de boca  e bonecas para a limpeza da cavidade oral. Enfatizou que para o atendimento odontológico em Homecare  é de suma importância  para o CD,  a capacidade de adaptação, improviso, atualização contínua, preparo psicológico e conhecimento dos procedimentos odontológicos, farmacologia e patologias. Para encerrar, a Dra Diana lembrou do Projeto de Lei 2.776/08, ainda em tramitação e apresentou alguns casos clínicos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Reunião de Fevereiro de 2012 do GEMOOH-RN

Nesta terça-feira, 7, tem reunião do GEMOOH no CRO-RN

O Grupo de Estudos de Medicina Oral e Odontologia Hospitalar (GEMOOH) marcou para a próxima terça-feira, 7 de fevereiro, a segunda reunião do ano com a palestra “Atendimento Odontológico com Equipamento Portátil”, a ser ministrada pela cirurgiã-dentista Diana Rosado Lopes. A palestra começa às 19 horas, no auditório do CRO-RN.

A palestra tinha sido agenda para a primeira reunião do ano, em janeiro, mas como muitos integrantes do grupo estavam viajando ou veraneando, a coordenação do grupo a adiou para esta terça-feira. A palestrante vai falar um pouco da sua experiência no atendimento a pacientes fora do ambiente de consultório, como em hospitais, domicílios e hotéis para idosos. Segundo Diana, ela pretende apresentar alguns casos clínicos que foram vivenciados.

A palestrante é cirurgiã-dentista pós-graduada em Odontologia Hospitalar (USP-SP) e  Periodontia (ABO-RN), além de mestre em Ciências da Saúde (USP-SP). Diana também é presidente do GEMOOH do CRO-RN.

A reunião do GEMOOH é aberta a todos os cirurgiões-dentistas interessados em temas relacionados à Medicina Oral e Odontologia Hospitalar.

A presidente do GEMOOH convida todos os colegas a participarem do grupo e das palestras que são apresentadas durante as reuniões mensais.
 
Na reunião de janeiro, devido ao comparecimento de poucos membros do grupo, a palestra da CD Diana Rosado ficou para esta terça-feira.

Os cirurgiões-dentistas presentes realizam uma reunião informal, onde se discutiu sobre a obrigatoriedade dos planos de saúde de autorizarem exames solicitados pelos CDs. A  Dra. Érika Vidal ficou de enviar um e-mail para Dra. Maria Cecília Aguiar com o modelo de prescrição com códigos, leis e frases de impacto, para posterior envio para os outros membros do grupo.

A presidente da comissão de MOOH-RN, Dra. Diana Rosado Lopes, aproveitou a reunião para colocar em pauta a discussão sobre a I Jornada Norte-Riograndense de Atendimento Hospitalar sob a Ótica Interdisciplinar ou na Perspectiva da Interdisciplinaridade. O nome do evento ainda ficou de ser mais discutido.

Entre os profissionais que devem fazer parte do grupo de palestrantes desse evento, os participantes da reunião de janeiro já elegem alguns: cirurgião-dentista, fisioterapeuta respiratório e motor, fonoaudiólogo, enfermeiro, médico infectologista, médico pneumologista, médico cardiologista e técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem, entre outros.

A data da jornada por enquanto seria os dias 21 e 22 de setembro, já que nesse período não tem nenhum evento previsto.

A convite do GEMOOH, o cirurgião-dentista Paulo Hemerson Moraes, mestre e doutor em  CTBMF pela UNICAMP, participou da reunião e discutiu com os presentes a elaboração de um protocolo para internação de pacientes para realização de procedimentos odontológicos em Centro Cirúrgico.

A Dra Diana sugeriu a elaboração do protocolo com tópicos e subtópicos, independente se o paciente seria atendido pelo SUS, convênio ou particular.

O doutor Paulo Hemerson de Morais, na sua explanação sobre internamentos, disse que qualquer procedimento odontológico pode exigir internação em Centro-Cirúrgico (CC) sob anestesia geral ou sedação, por motivos diversos, como traumas pregressos, risco de morte, PNE, pacientes não colaborativos e etc.