quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Artigo publicado sobre as atitudes do ortodontista frente a um relato de caso de cefaleia

 IMPORTANTE DISCUTIRMOS: um erro de diagnóstico pode ser prejudicial e, inclusive, chgar a ser fatal!
 Artigo publicado:"Attitudes of a group of Brazilian orthodontists towards the diagnosis and management of primary headache (migraine): an electronic-based survey"


Postado por Reynaldo Leite Martins Júnior em 16 janeiro 2012
 

Caros colegas: neste mês foi publicado no JAOS-Journal of Apllied Oral Science, um artigo de minha autoria, juntamente com outros colegas (Juliana Stuginsky Barbosa ,Doutoranda da USP-Bauru e editora do Blog "Por Dentro da Dor Orofacial" e Florence de Carvalho Kerber). 

Nosso intuito foi testar uma impressão clínica: é frequente o especialista em DTM e Dor Orofacial receber em seu consultório pacientes com as mais variadas fontes de dor, e tratados da única forma que o profissional conhece, sem que haja um cuidado com o fundamental: o diagnóstico. (As vezes isso pode ter resultados graves, como descrevi aqui).

 Assim, independente da correta identificação da fonte de dor, poderia haver um viés importante: ortodontistas tratam com dispositivos ortodônticos, ortopedistas funcionais com sua aparotologia característica,  protesistas através de desgastes oclusais e placas estabilizadoras, cirurgiões através de artrocentese, reposicionamento do disco, etc...muitas vezes (repito) independente do que esteja causando os sintomas do paciente (?). 

Desenvolvemos nosso trabalho da seguinte maneira: construímos uma Home Page e nela colocamos a descrição fictícia de uma paciente com absolutamente todas as características de "migrânea sem aura" ( a popular enxaqueca) prevista na Classificação Internacional de Cefaléias. Adicionamos uma "mordida cruzada e mordida profunda" como padrão oclusal da paciente, e fizemos duas perguntas:1) Qual a sua conduta para tratar a queixa de dor desta paciente....e: 2) A sua resposta acima foi baseada no seu aprendizado no seu curso de pós-graduação? 

Em seguida, enviamos mais de 1200 emails ao membros da ABOR ( Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial) convidando-os a ler o caso e responder as questões.

 Infelizmente as respostas confirmaram a impressão clínica: a maioria dos colegas especialistas que responderam, conduziria (hipoteticamente) o caso de maneira inadequada, ou seja, corrigindo a oclusão da paciente através da combinação de procedimentos ortodônticos e cirúrgicos (!), com o objetivo de tratar a dor da migrânea. 

Obviamente, houve uma parcela dos participantes que diagnosticou corretamente a migrânea, e encaminharia a paciente prontamente para tratamento com médico cefaliatra. O mais preocupante nos nossos resultados, foi o achado que a maioria dos que conduziriam o caso de maneira inadequada declararam que o fariam com base no que aprenderam no curso de especialização; a maioria dos que conduziriam o caso de forma adequada declararam que o fariam com base no que aprenderam fora do curso de especialização. Ou seja: o problema, lamentavelmente, pode estar na formação do Ortodontista. 

Particularmente na minha Cidade (Cuiabá) sou frequentemente convidado para ministrar um módulo em cursos de Especialização em Ortodontia, com o assunto "DTM e Dor Orofacial", para esclarecer os equívocos nesta área, (por exemplo, no Sinodonto-MT, EAPE, Escola de Odontologia...). Vários outros colegas professores nesta área também o fazem em cursos das suas respectivas regiões. Fica a dica aos colegas que ministram cursos de Ortodontia, no sentido de convidarem os professores de DTM e Dor Orofacial da sua região para uma aula no seu curso. As vantagens são inúmeras, principalmente a de conhecer um pouco mais as particularidades da nossa especialidade, que, acredite, é MUITO diferente da Ortodontia. O artigo na íntegra, no formato  pdf, pode ser baixado clicando aqui. Esteja a vontade para opinar sobre o assunto.




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