FONTE: ODOMED
 O controle de microorganismos é  um dos campos  mais ativos da atual pesquisa na área farmacológica. Essa  é uma fronteira que  demanda extremo cuidado. Ao longo de nossa  história, parte significante de  nossa moderna civilização foi destruída  pelo ataque descontrolado de  microorganismos.
          O controle de microorganismos é  um dos campos  mais ativos da atual pesquisa na área farmacológica. Essa  é uma fronteira que  demanda extremo cuidado. Ao longo de nossa  história, parte significante de  nossa moderna civilização foi destruída  pelo ataque descontrolado de  microorganismos.Novas ameaças estão surgindo dia a dia. A indústria de quimioterapia antimicrobiana está em constante alerta, principalmente devido à rápida capacidade de evolução e diversidade de patógenos encontrados. O aparecimento de uma grande variedade de patógenos resistentes aos agentes químicos e a descoberta de novas fontes de contaminação, faz com que haja um grande aumento da morbidade de infecções que eram facilmente tratadas no passado. Apesar de nossa grande capacidade tecnológica, certos microorganismos parecem ser mais capazes e podem estar instalados em áreas do organismo que não possuíam atenção necessária, quando avaliada as causas de focos de infecção. Certos tipos de enfermidades e problemas decorrentes de infecções adquiridas em hospitais são foco de preocupação constante, pois além de interferir na recuperação de seus pacientes, impacta definitivamente no custo assistencial destas instituições. Muitas doenças provenientes de infecções secundárias, adquiridas por pacientes extremamente debilitados e em recuperação, não podem mais ser controladas com os tradicionais antibióticos e, em muitos casos, pacientes estão indo a óbito. Todos sabem que precisamos de urgentes alternativas para controle microbiológico. É nesse âmbito que modernas técnicas e estudos estão sendo desenvolvidos para inibir e controlar a ação destes microorganismos.
            Vários estudos  demonstram que a  cavidade bucal é um dos grandes focos de microorganismos que  podem  causar sérios problemas sistêmicos e infecções secundárias.
Atualmente tem se dado  atenção  especial a focos infecciosos bucais presentes em pacientes que   necessitam de intervenções complexas (transplante de medula) e na  recuperação  dos mesmos em tratamentos que necessitam de cuidados  especiais no controle de  microorganismos patogênicos. Porém ainda  existe uma visão equivocada, que  apenas a observação de focos  relacionados a carie e a doença periodontal são  suficientes no combate a  estes focos.
            Existe um grave  problema da  cavidade oral, que é uma grande fonte de microorganismos  patogênicos,  que através de sua ação direta ou de suas toxinas, podem causar  sérios  problemas sistêmicos aos pacientes que serão tratados ou em recuperação.   È o caso da saburra lingual.
Pesquisas mostram que cerca de no mínimo 40% da população apresenta hiposalivação (redução do fluxo salivar) com a possibilidade de deposição de bactérias patogênicas no dorso lingual, que pode ser facilmente observada pela presença de uma placa bacteriana lingual ou saburra. Na população adulta com idade superior a 50 anos a hiposalivação e suas conseqüências pode chegar a 85%. Em pacientes em tratamento quimio e/ou radioterápico passa a ser 100%.
            Evitar a saburra e suas  conseqüências envolve,  entre outras coisas, a limpeza da língua. Quando  falamos em limpeza da língua  estamos falando de problemas ainda muito  mais abrangentes e importantes do ponto  de vista de saúde pública. Um  simples procedimento deste estará prevenindo não  somente cárie, doença  periodontal e halitose. O limpar a língua previne uma  série de doenças  sistêmicas cuja porta de entrada é a boca. E o que é mais  importante: é  uma ação de baixo custo.
            Pacientes quimio e radio  terapeutizados, pela  drástica redução do fluxo salivar também ocorre um  ressecamento da mucosa que  pelo atrito provoca mucosites e ulcerações  com ardência em várias regiões da  cavidade bucal que dificulta e impede  a limpeza mec6anica da língua e prejudica  a alimentação provocando  emagrecimento e perda de resistência do hospedeiro às  infecções. Outro  fator importante quando ocorre baixa salivação  é a perda ou alteração  do paladar que também contribui para  a perda de vontade de se  alimentar.
            Pela baixa ou quase nenhuma  salivação vai ocorrer uma redução da  autolimpeza com aumento da  proliferação bacteriana na boca. Além disso, a  saliva que é composta  por vários fatores antimicrobianos (atualmente mais de 15  fatores  antimicrobianos bem conhecidos) sofre uma redução drástica da   quantidade desses fatores, bem como da qualidade de sua capacidade de  ação. As  moléculas com atividade antibacteriana ficam envolvidas pela  mucina (agora em  maior concentração) e praticamente deixam de realizar o  seu papel. A primeira  observação deste fato foi em relação à ação da  lisozima na presença de alta  concentração de mucina.
            Daí a importância da  impossibilidade da limpeza da língua para a remoção  dessa massa  bacteriana que varia em espessura, extensão e viscosidade. É claro  que a  limpeza da língua remove 90% ou mais das bactérias e de seus  nutrientes,  mas elas vão continuar proliferando e novamente atingem a  situação anterior.
            Por conta disso torna-se  importante o uso de um enxaguante com atividade  antibacteriana natural,  impedindo a proliferação e o aumento da massa de  microroganimos sobre a  língua. Importante também que o enxaguante tenha uma  ação potente, mas  natural, não deixando resíduos na boca após o seu tempo de  atividade.
A placa bacteriana que se instala sobre o  dorso da língua pode albergar  microorganismos que, quando atingem  concentrações altas, irão produzir cárie,  doença periodontal e doenças  sistêmicas (porque da língua migram para,  respectivamente, o dente, o  sulco gengival, as amígdalas, o estômago, os  pulmões, etc.). Na  saburra, reservatório de microorganismos patogênicos do tipo  anaeróbios  proteolíticos gram negativos, também costuma se instalar os  conhecidos  como BANA positivos (Porphyromonas  gingivalis, Treponema denticola e Bacteróides forsythus)  os quais podem  cair na corrente circulatória (eles próprios ou suas  endotoxinas) quando houver  algum sangramento gengival. Por esse motivo  os pacientes portadores de saburra  estão mais susceptíveis a:
- Doenças Bucais: Cárie; Doença Periodontal; Halitose; Xerostomia.
- Doenças Sistêmicas: Amigdalites Freqüentes; Pneumonias; Gastrite; Ataque Cardíaco; Acidente Vascular Cerebral; Nascimento de Crianças Prematuras; Nati Mortos; Abortos e Artrite Reacional.
              Existe uma correlação  positiva entre periodonto saudável e saúde  sistêmica, da mesma forma  que existe uma correlação entre saburra lingual e  doença periodontal.  Podemos encontrar pacientes com saburra sem doença  periodontal, mas  jamais paciente com doença periodontal e sem saburra.
            Por todos os motivos acima  expostos, é lógico que manter a superfície da  língua o mais limpa  possível é uma forma de reduzir drasticamente a contagem de   microorganismos patogênicos na cavidade bucal e, portanto, prevenir o   aparecimento das doenças acima mencionadas.
Estas afirmações, que podem parecer um  exagero, se acham fartamente  documentadas em trabalhos científicos  sérios e podem ser facilmente  compreendidas quando analisamos que a  placa bacteriana instalada no dorso da  língua é formada por  microorganismos altamente patogênicos em função das  toxinas que  produzem. Isto posto, podemos avaliar o quanto se economizaria em   termos financeiros e de sofrimento para os pacientes e familiares ao  prevenir  e/ou controlar a presença da placa bacteriana lingual e suas  conseqüências.
Bibliografia
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