Correria da vida moderna e interferências como a Internet mudaram muito a relação médico-paciente nos últimos anos Vitor Oshiro - FONTE: JCNET Para algumas profissões, a relação que o profissional mantém com o “cliente” é mais do que importante: ela é fundamental. É o caso dos médicos, cujo dia é comemorado hoje (leia mais abaixo). Entretanto, por conta de muitas mudanças tanto do médico quanto do paciente no contexto moderno, essa relação se torna cada dia menos “humanizada”. Desse modo, exames ganham progressivamente o espaço que antes eram ocupado pela observação clínica e a conversa do profissional com o doente. O pneumologista Carlos Eduardo Sacomandi explica que, atualmente, a consulta assumiu um caráter de “linha de produção”. “A consulta possui um certo roteiro a ser seguido. Porém, hoje, falta tempo para consultar. Consultórios e hospitais estão sobrecarregados e as consultas são mais curtas. Faltam conversas com os pacientes”, relata. O ortopedista e médico perito Fábio Pinto Nogueira também concorda com essa realidade. Para ele, que exerce a profissão há 15 anos, o método de diagnosticar está muito “cartesiano”. Assim, o exame, que antes era para ser complementar, surge como uma regra. “A relação, que antes era muito mais humana, virou uma prestação de serviço. É uma relação de consumo mesmo”. Ele aponta que o profissional, por uma questão econômica, passou a recorrer muito mais aos exames. “Pela questão da remuneração e aumento do custo de vida, o tempo das consultas precisa ser ‘achatado’ para que haja mais pacientes. Então, os exames se tornam uma melhor solução”. Para Nogueira, o fato de os médicos quererem se resguardar de problemas futuros também influencia bastante, uma vez que os exames servem como provas do procedimento adotado. Entretanto, não é só a postura dos médicos que culminou nessa mudança. O ortopedista explica que muitos pacientes não mais confiam apenas no diagnóstico feito clinicamente pelo profissional. “É uma mudança de perfil de ambos, tanto do médico quanto do paciente. Como não tem mais essa confiança, os pacientes acabam exigindo que se façam exames”, completa. Nesse ponto, a Internet veio para ampliar tal desconfiança. Fábio Nogueira afirma que muitos pacientes chegam com as anotações e, em referência às chamadas orais dos tempos escolares, “tomam a matéria” do médico. “Eles vêm para confirmar o que viram na Internet. Muitos pulam todas as etapas. Passam das queixas, sintomas e pedem direto o exame. Chegam pedindo exatamente o exame para aquilo que acreditam que possuem”, relata. Tecnologia Além da questão da Internet, a tecnologia incide também de outras formas nessa “mecanização” da consulta. É o caso do avanço que culminou com o surgimento de diversos novos exames. “Hoje, existem exames para tudo. O que antes não podia ser detectado com um exame, hoje é. Então, isso também é um reflexo natural do próprio avanço da medicina”, explica o médico Fábio Nogueira.E é nesse encontro de tecnologia, contexto econômico e mudança de concepção de ambas as partes que surge um paradoxo muito grande. Uma das profissões que mais lida diretamente com a vida do ser humano se “mecanizando” na relação médico-paciente. “Vejo que passamos por uma fase de transição, porém, parece ser um caminho sem volta. Cada vez mais, as consultas serão com base em protocolos, exames e tabelas”, conclui. Exames físicos Na maioria das áreas da medicina, o exame físico é fundamental para qualquer investigação de diagnósticos. Uma das reclamações de muitos pacientes, porém, é que, nas consultas, o médico sequer os toca.Segundo o ortopedista Fábio Pinto Nogueira, essa postura converge com a “mecanização” das consultas. Desse modo, muitas vezes, a avaliação física é substituída por exames como análises de sangue, raio-x, ressonâncias, entre outros. O oftalmologista Raul Gonçalves concorda com essa realidade. Entretanto, para ele, a relação médico-paciente continua sendo fundamental para a confiança. “Quando essa relação não funciona, é comum o paciente já sair e procurar outro médico. Essa busca pela segunda opinião é justamente porque esse trato entre médico e paciente não existiu”, completa. Especializações Antigamente, existiam os chamados “médicos da família”: profissionais de confiança que atendiam todos os pais, filhos e os demais membros de uma mesma casa. Hoje, junto com o caráter formal das consultas, o grande aumento das especializações contribuiu para acabar com isso.Essa gama de especialistas, porém, é vista pelo cirurgião vascular Claudio Gabriele como um ponto positivo. “É uma evolução da medicina” aponta o médico “que possibilita cuidados mais específicos e concentrados em determinadas áreas. Apesar de ter ficado mais segmentado, é uma evolução de tratamento e diagnóstico”. Dia do Médico A comemoração do Dia do Médico na data de hoje possui uma conotação religiosa. Segundo a igreja, 18 de outubro é o dia de São Lucas, que, em passagem bíblica, é referenciado pelo apóstolo Paulo como o “amado médico”.Com tal referência, foi escolhido como padroeiro da profissão e, por isso, comemora-se hoje seu dia. Além do Brasil, países como Portugal, França, Espanha, Itália, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos comemoram a data. |
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011
18 de Outubro: Dia do Médico: data comemorativa retoma ‘humanização’
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