NOTA DA COLUNISTA: Gostei muito do texto publicado no site do CliniOnco e resolvi dividir com vocês. Apesar de não ser diretamente ligado nem a Medicina Oral nem a Odontologia Hospitalar, falar em "Estilo de vida" e em "qualidade de vida" é falar em Sáude, ou melhor, é falar no processo saúde-doença.
Para alguns pode parecer um tanto filosófico ou poético. Mas penso eu: o que é a Odontologia sem um pouco de romance ou filosofia? se queremos ser vistos como promotores de saúde, em seu sentido mais amplo, devemos expandir nossa visão e nos abrir a novos horizontes a discussões e reflexões que não sejam meramente tecnicistas ou mecanicistas. Caso contrário, seremos como "pedreiros de acabamento, ao abrir buracos - cavidades - e fechá-los, com a resina ou a porcelana do momento". Estética é importante? Claro que sim! Inclusive, a Odontologia Estética pode melhorar a auto-estima e favorecer a qualidade de vida do indivíduo. É justamente essa discussão que aqui proponho. Segue o texto:
“Qualidade de Vida”, embora pareça ser uma expressão muito fácil de ser entendida, é muito difícil de ser explicada e medida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define qualidade de vida como: "a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto da cultura, sistemas de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações". Entenderam? Eu, não muito!
Dois autores renomados no assunto, chamados Segre e Ferraz, definem qualidade de vida como “algo intrínseco, uma construção subjetiva que só é possível de ser avaliada pelo próprio sujeito". Outras definições existem, porém o consenso é de que não há consenso; não existe, até o momento, um conceito claro do que signifique a expressão qualidade de vida, nem o instrumento mais adequado ou o melhor momento para medi-lo na população em geral, muito menos em pessoas doentes inseridas na cultura brasileira.
Entretanto, embora a qualidade de vida tenha um significado muito “subjetivo” existem alguns fatores indiscutíveis na hora de a avaliarmos; querendo ou não, somos parte de um mecanismo pessoal e coletivo, físico, mecânico, espiritual, energético, familiar, laboral, racional e afetivo de funcionamento, ou seja, uma engrenagem individual multifatorial inserida no universo das coletividades. Resumindo, existem regras básicas para alcançarmos a nossa qualidade de vida ideal:
- Sono e repouso: pouquíssimas máquinas foram construídas para trabalharem ininterruptamente sem prejuízo da sua qualidade ou do seu tempo útil; somos uma máquina construída com necessidade de repouso diário, no mínimo 6 a 8 horas de um sono tranqüilo e refazedor, fundamental na liberação e ativação de várias substâncias do nosso corpo que atuam no crescimento, reparação e manutenção dos tecidos celulares bem como fortalecimento das nossas defesas.
- Repouso periódico: existe um padrão de onda cerebral vista nos eletroencefalogramas, chamado beta-acelerado nocivo, quando crônico, muito presente em estados de ansiedade, agitação, desconforto e medo; em períodos de efetivo repouso como finais-de-semana, férias ou mesmo meditações diárias, há o predomínio de outro padrão, o alfa-cerebral, que desencadeia a maior habilidade ao aprendizado e memorização, além da predominância do conforto e do prazer, daí a origem da expressão “Eu estava em alfa!” que usamos quando nos sentimos muito bem; melhor ainda, estudos recentes demonstraram que a Yoga (técnica oriental meditativa que trabalha a respiração, o corpo e o espírito de uma forma dinâmica e/ou passiva) melhora o prognóstico de pacientes com câncer de mama; portanto, é vital darmos “um tempo para a cabeça”!
- Alimentação: é bem sabido que alimentos ricos em fibras vegetais, pobres em açucares e em gorduras saturadas são os mais benéficos para o corpo; a OMS, no último ano, apresentou um relatório que responsabiliza a má alimentação como causa de mais de metade das neoplasias no mundo inteiro ultrapassando, inclusive, o tabagismo no ranking.
- Exercícios físicos regulares, 30-60 min 5x/semana, são fundametais para a manutenção de um corpo confortável; os exercícios de carga (musculação, pilates, etc.) aumentam a força e a massa óssea enquanto os aeróbios (caminhada, corrida, natação, hidroginástica, etc.) melhoram o condicionamento cardiovascular e diminuem o risco de neoplasia de mama, de infarto do miocárdio, hipertensão, acidente vascular cerebral, dislipidemia, diabete, além melhorar o humor e a libido.
- Dissolver traumas, desmembrar nós afetivos e alinhavar um futuro mais leve melhora muito a qualidade de vida; contar com ajuda profissional é o ideal, o início pode ser complicado, mas à medida que a vida vai ficam mais produtiva e prazerosa, tudo fica mais fácil. No caso das neoplasias, o tratamento adequado da depressão em pacientes com câncer de mama melhora o prognóstico da doença comparado com aquelas que não tratam.
- Aqueles que trabalham para um bem comum, por uma causa que realmente acreditam, relatam maiores níveis de satisfação pessoal por saberem qual é o seu papel no mundo e até onde podem ir. Fazer bem a si mesmo e aos outros nos coloca o poder da esperança, da fé, da cumplicidade e do prazer nas mãos.
Acredito que “qualidade de vida” seja a relação de equilíbrio e conforto entre a mente e o espírito dentro de um corpo saudável e forte; entretanto, como diriam Segre e Ferraz , essa é apenas a minha opnião ou o meu “conceito subjetivo” . Muito mais importante do que isso ou do que qualquer autor pense a respeito do assunto, seria que vocême respondesse: “E para você, o que é qualidade de vida?”
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