Esta é a terceira postagem de hoje que divulgo aqui no Blog Medicina Oral e Odontologia Hospitalar relacionada ao tema “cuidador”.
Entendo cuidador como “aquele que cuida”, quer seja de modo informal, uma vez que a profissão de cuidador ainda está sendo regulamentada (no caso do cuidador familiar ou contratado mas sem curso técnico) ou nos casos de formação específica (TSB, Auxiliares e Técnicos de Infermagem).
É, de fato, um assunto que me agrada, me preocupa e me faz refletir bastante, pelo convívio com essas pessoas no dia-a-dia de trabalho, pois frequentemente observo que eles se sentem inseguros sobre como realizar de forma adequada os cuidados bucais ou que, em muitas vezes (a maior parte delas, na verdade!), não consideram tais práticas importantes para o bem-estar e para a saúde sistêmica do paciente, passando a negligenciar parcial ou totalmente a realização das mesmas.
Trata-se, inegavelmente, de uma situação alarmante. Por mais que alguns hospitais já contem com o cirurgião-dentista como parte integrante da equipe ou que em outros tal profissional seja convocado sob demanda, é impossível que o dentista efetue ou auxilie a higiene bucal leito a leito. Nesse caso, é de meu entendimento (e sei que de alguns colegas da MOOH) que deveríamos nos ocupar no exame orofacial diário da pessoa internada, em procurar e tratar focos de infecção e feridas, em promover conforto em situações específicas, em auxiliar os demais profissionais de saúde em suas demandas e necessidades que envolvam a boca e em delegar a higiene bucal rotineira a equipe auxiliar, a qual executaria as medidas prescritas pelo cirurgião-dentista, de forma individualizada a necessidade de cada paciente em cada um de seus momentos clínicos.
Nas páginas 23 e 24 do GUIA PRÁTICO DO CUIDADOR, citado na postagem anterior, constam as recomendações de cuidados com a boca. Trata-se de um texto bastante interessante, pela linguagem simples e acessível aos leigos, de modo que pode servir como orientação BÁSICA aos profissionais envolvidos com os cuidados bucais aos pacientes dependentes para a realização de atividades de vida diária (AVD), acamados, em sistema de internação domiciliária (Home Care) e em internação hospitalar.
No caso particular da Odontologia Hospitalar, esse guia não contempla protocolos específicos de higiene para pacientes dependentes de tubos de alimentação ou de ventilação mecânica, traqueostomizados nem em uso de Guedel, além de outras possíveis situações. Também não aborda o controle químico do biofilme oral como método coadjuvante de higiene bucal mecânica. ASSIM SENDO, penso que há uma carência de publicação de textos, manuais ou documentos mais abrangentes sobre o tema e que é de nossa responsabilidade, cirurgiões dentistas com atuação em Odontologia Hospitalar e Home care, elaborarmos diretrizes que contemplem tais especificidades.
Não tenho conhecimento de documentos assim já publicados. Alguém conhece algum? Se positivo, gostaria que pudessem compartilhar conosco. Até acredito que alguns serviços já tenham manuais ou “protocolos***”. Porém, não considero o ideal (isso é apenas minha opinião) que cada serviço tenha seu material, por acreditar que unidos somos mais fortes, que um documento de abrangência nacional, de autoria compartilhada, teria muito mais impacto, divulgação e aplicabilidade.
***Não gosto do termo “protocolo”, por achar que sugere regras rígidas, ditatoriais, que servem para quaisquer situações, e não práticas adaptadas para a necessidade de cada paciente. Prefiro a terminologia "diretriz", por representar algo que direciona condutas de modo geral, mas que deve ser adequado a realidade e necessidade das várias e possíveis situações particulares.
Assim, já existindo manuais internos ou não havendo os mesmos, fica o desafio e a proposta de elaborarmos diretrizes nessa temática, de modo a facilitar a educação do pessoal auxiliar. Com base nisso, sugiro que os interessados entrem em contato comigo no email mariaceciliaaguiar@yahoo.com.br, com o título da mensagem “DIRETRIZES DE HIGIENE BUCAL PARA O PACIENTE INTERNADO” (para evitar dúvidas sobre spam), para que possamos, em parceria, elaborar algo para publicação pelo CFO ou Ministério da Sáude.
Att,
Maria Cecília Aguiar
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