A fadiga proporcionada pelos constantes cuidados pode causar uma relação de amor e ódio entre cuidadores e doentes, afirmam pesquisadores.
As enfermidades que acometem um paciente muitas vezes acabam refletindo nas vidas de outros membros da família. Este é o caso dos chamados cuidadores, pessoas que dedicam grande parte de seu tempo a suprir as necessidades básicas do doente, auxiliar na sua recuperação ou garantir-lhe sobrevida. Os impactos desses cuidados em tempo integral são discutidos no artigo “Apoio social na experiência do familiar cuidador”, escrito pela professora da Universidade de Fortaleza Patrícia Moreira Collares e equipe.
No artigo publicado na edição de janeiro da revista Ciência & Saúde Coletiva, os especialistas relatam os resultados da pesquisa que entrevistou 18 parentes de doentes de Fortaleza sobre seu estado emocional, saúde física e o apoio social recebido.
Os autores observaram que a maioria dos cuidadores é do sexo feminino, com idade média de 50 anos, e é filha do paciente. Já os familiares dependentes eram predominantemente mães e pais que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), condição que exigia cuidados em tempo integral por conta da irreversibilidade das sequelas.
Segundo o artigo, a maioria dos cuidadores precisou reestruturar sua vida, se privar de sua rotina pessoal e sacrificar a saúde para poder oferecer os devidos cuidados ao doente. Foram relatados casos de dor na coluna, enxaqueca, hipertensão e depressão associados às práticas de tratamento do enfermo. “O cuidador sem suporte pode ser um futuro paciente, isto porque, por imposição ou escolha, geralmente, é tão pressionado por necessidades imediatas do doente que se esquece de si”, comentam os autores.
Eles relatam ainda que a maioria dos cuidadores arca com a inteira responsabilidade sobre o acompanhamento do doente, o que resulta na perda de seus vínculos sociais e até empregatícios. Em alguns casos, este familiar passa a depender financeiramente de parentes, causando desentendimentos relacionados aos gastos para sua sobrevivência e desavenças sobre o tipo de tratamento ao qual o doente é submetido. “Apenas uma informante referiu receber de seus parentes manifestações de afeto, o que chama atenção para a precariedade das relações entre essas pessoas”, acrescentam os pesquisadores no estudo.
Para esses familiares, dizem os autores, geralmente a necessidade de cuidar do doente acaba sendo associada a representações negativas. É o que ilustra o depoimento de uma cuidadora citado no artigo: "Às vezes, a gente já acorda cansada. Não aguento nem falar. Só conhecendo pra entender. Tem dia que só falto sair correndo. Eu digo: eu não quero mais isso! Dá vontade de abandonar". Para os especialistas, esse esgotamento físico e mental pode ser muito prejudicial ao cuidador. “Induzidos pelo sentimento de sobrecarga, manifestações como tristeza, raiva, medo, ansiedade e dor são comuns aos indivíduos, assim como um misto de amor e ódio pela pessoa doente”, ressaltam.
Para os pesquisadores, é muito importante que os cuidadores tenham o apoio constante de outros familiares. E recomendam que eles se afastem do doente por alguns períodos para que possam pensar um pouco na sua própria qualidade de vida. Além disso, afirmam que é necessário aproximar esses cuidadores dos profissionais de saúde, garantindo-lhes conhecimentos mais específicos para o tratamento do enfermo e assim tornando-os mais seguros e autônomos.
No artigo publicado na edição de janeiro da revista Ciência & Saúde Coletiva, os especialistas relatam os resultados da pesquisa que entrevistou 18 parentes de doentes de Fortaleza sobre seu estado emocional, saúde física e o apoio social recebido.
Os autores observaram que a maioria dos cuidadores é do sexo feminino, com idade média de 50 anos, e é filha do paciente. Já os familiares dependentes eram predominantemente mães e pais que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), condição que exigia cuidados em tempo integral por conta da irreversibilidade das sequelas.
Segundo o artigo, a maioria dos cuidadores precisou reestruturar sua vida, se privar de sua rotina pessoal e sacrificar a saúde para poder oferecer os devidos cuidados ao doente. Foram relatados casos de dor na coluna, enxaqueca, hipertensão e depressão associados às práticas de tratamento do enfermo. “O cuidador sem suporte pode ser um futuro paciente, isto porque, por imposição ou escolha, geralmente, é tão pressionado por necessidades imediatas do doente que se esquece de si”, comentam os autores.
Eles relatam ainda que a maioria dos cuidadores arca com a inteira responsabilidade sobre o acompanhamento do doente, o que resulta na perda de seus vínculos sociais e até empregatícios. Em alguns casos, este familiar passa a depender financeiramente de parentes, causando desentendimentos relacionados aos gastos para sua sobrevivência e desavenças sobre o tipo de tratamento ao qual o doente é submetido. “Apenas uma informante referiu receber de seus parentes manifestações de afeto, o que chama atenção para a precariedade das relações entre essas pessoas”, acrescentam os pesquisadores no estudo.
Para esses familiares, dizem os autores, geralmente a necessidade de cuidar do doente acaba sendo associada a representações negativas. É o que ilustra o depoimento de uma cuidadora citado no artigo: "Às vezes, a gente já acorda cansada. Não aguento nem falar. Só conhecendo pra entender. Tem dia que só falto sair correndo. Eu digo: eu não quero mais isso! Dá vontade de abandonar". Para os especialistas, esse esgotamento físico e mental pode ser muito prejudicial ao cuidador. “Induzidos pelo sentimento de sobrecarga, manifestações como tristeza, raiva, medo, ansiedade e dor são comuns aos indivíduos, assim como um misto de amor e ódio pela pessoa doente”, ressaltam.
Para os pesquisadores, é muito importante que os cuidadores tenham o apoio constante de outros familiares. E recomendam que eles se afastem do doente por alguns períodos para que possam pensar um pouco na sua própria qualidade de vida. Além disso, afirmam que é necessário aproximar esses cuidadores dos profissionais de saúde, garantindo-lhes conhecimentos mais específicos para o tratamento do enfermo e assim tornando-os mais seguros e autônomos.
O colega Paulo Pimentel comentou esse post em seu blog "Portal da Medicina Oral", conforme segue:
ResponderExcluirO site de Medicina Oral e Odontologia Hospitalar vinculado à Comissão de mesmo nome do CRO-RN, trás a tona um importante assunto que normalmente é deixado de lado quando se menciona o cuidado aos pacientes sistemicamente comprometidos, o “cuidador(a)”.
Tanto dentro quanto fora da alta complexidade é preciso que haja uma atenção direcionada à este(a)s personagens chave no bom andamento das terapias, mas que geralmente não recebem também os cuidados especiais da sociedade.
Neste sentido foi citado o trabalho de Marques et al, publicado na Revista de Ciência & Saúde Coletiva neste ano, sobre a necessidade de se focar as condições em que vivem, e as situações a que estão sujeito(a)s o(a)s cuidadore(a)s.
Na alta complexidade já tive conhecimento de trabalhos específicos com este fim realizados por voluntários, Assistentes Sociais e manuais publicados no INCA, que prestam serviços para que os cuidadores tenham toda sorte de benefícios sociais e oferecem conhecimentos que serão úteis para si e para o doente.
No HFSE a Odontologia, especialmente as profissionais ligadas à Odontopediatria, têm se preocupado com esta questão e trabalhado para dar conhecimento e equipamentos adequados para os cuidados bucais dos pacientes enquanto internados ou após a alta.
http://medicinaoral.org/blog/2011/09/25/quem-cuida-de-quem-cuida/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+medicinaoral+%28Medicina+Oral%29