Por: Célia Gennari
FONTE: Odontomagazine
As práticas alternativas na odontologia são recém-reconhecidas e regulamentadas para o uso dos profissionais, mas despertam o interesse de muitos profissionais e contam com a aprovação dos pacientes.
 A Resolução CFO-82/2008 “reconhece e regulamenta uso pelo  cirurgião-dentista de práticas integrativas e complementares à saúde  bucal”. A Decisão CFO-45/2008 baixa normas complementares para  habilitação para as seguintes práticas: acupuntura, homeopatia,  fitoterapia, terapia floral, hipnose e laserterapia. Não menos  importante, mas que ficou de fora dessa contemplação foi a odontologia  integral antroposófica, muito bem lembrada pelo Dr. Helio Sampaio Filho,  reconhecido profissional que
A Resolução CFO-82/2008 “reconhece e regulamenta uso pelo  cirurgião-dentista de práticas integrativas e complementares à saúde  bucal”. A Decisão CFO-45/2008 baixa normas complementares para  habilitação para as seguintes práticas: acupuntura, homeopatia,  fitoterapia, terapia floral, hipnose e laserterapia. Não menos  importante, mas que ficou de fora dessa contemplação foi a odontologia  integral antroposófica, muito bem lembrada pelo Dr. Helio Sampaio Filho,  reconhecido profissional que trabalha e leciona cursos dessas práticas.
Para entender como e quando essas terapias começaram a ser utilizadas  pela equipe de odontologia, Dr. Helio lembrou que na década de 1970 o  Dr. Álvaro Badra, eminente cirurgião-dentista, fez um alerta para uma  nova abordagem ao paciente odontológico voltada para uma visão integral,  humanista, para valorizar o que deve ser o foco da atenção do  profissional, muito além da frieza da técnica e do mecanicismo vigente –  o ser humano. “Este visionário publicou artigos, ministrou cursos e  editou apostilas e livros sobre hipnose e psicossomática em odontologia,  acupuntura e homeopatia, em uma época em que a odontologia tinha sua  atenção voltada exclusivamente para técnicas e medicamentos  convencionais”, comentou Dr. Hélio Sampaio Filho.
A partir de 2002, as discussões tomam novo rumo, apesar de muitos  dentistas utilizarem ou recomendarem o uso de práticas integrativas e  complementares há décadas. Nessa época foi realizada a Assembleia  Nacional de Especialidades Odontológicas – ANEO, na qual acupuntura e  homeopatia pleiteavam o reconhecimento, o que lhes foi negado. Por essas  e outras, ficou clara a necessidade de união e organização. E, assim,  em 2006, Conselhos Regionais de Odontologia – inicialmente MG, SP, RJ e  RS, nomearam Comissões de Terapêuticas Complementares para a  Odontologia.
Em 2007, o Conselho Federal de Odontologia – CFO convocou uma  Assembleia em Bonito (MS) para uma ampla discussão sobre quais seriam as  terapêuticas a serem avaliadas e discutidas e normas para a realização  de um Fórum, que aconteceu em junho de 2008, denominado já de Fórum para  a Regulamentação das Práticas Integrativas e Complementares. Segundo  Dr. Hélio, a pesquisa de opinião realizada por meio do site do CFO  mostra uma aprovação expressiva para que a normatização e regulamentação  fossem discutidas em caráter social.
No entanto, o dentista recorda que a odontologia é a única área da  saúde que ainda não reconhece a acupuntura e a homeopatia como  especialidades. O Conselho Regional de Medicina – CRM, o Conselho  Regional de Medicina Veterinária – CRMV, além do Conselho Regional de  Farmácia – CRF já reconhecem. Sem contar os não prescritores, como  exemplo, a fisioterapia.
O mais curioso é que, desde maio de 2006, foi aprovada a Política  Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC no Sistema  Único de Saúde pela Portaria nº 971, que disponibiliza vagas para  atendimento nas áreas de acupuntura, homeopatia e fitoterapia para o  cirurgião-dentista. “Porém”, ressaltou Dr. Hélio, “como não foram ainda  reconhecidas como especialidades, perdesse mercado de trabalho de  maneira incompreensível”.
Benefícios
 Com uma parcela muito expressiva dos profissionais que utilizam  práticas integrativas e complementares à saúde bucal, a prática clínica  diária mostra que os benefícios são reais. “Observo, tanto na minha  prática clínica como em conversas com outros profissionais, que a  aceitação por parte do paciente ao tratamento complementar, assim como a  resposta ao mesmo são, na maioria das vezes, muito positivas”, afirmou  Dr. Helio.
Existe uma reprovação velada, não expressa e não mensurável entre  alguns profissionais que não aceitam o reconhecimento dessas práticas,  porém aos poucos a tendência é de mudança positiva. “Hoje conseguimos  adentrar em muitas áreas do saber em odontologia. Vemos grupos atuando  clinicamente em diversos setores dentro da Universidade de São Paulo e  em outras faculdades, mas em número bem modesto. Em termos de Brasil,  isso é diluído e acaba ficando meio sem expressão”.
Cursos
 A Decisão CFO-45/2008 estabelece normas tanto para a habilitação  quanto para o funcionamento dos cursos, porém a procura tem sido muito  pequena para os cursos, provavelmente porque os profissionais aguardam o  prometido reconhecimento da especialidade que despertaria um maior  interesse. De qualquer forma, o Dr. Hélio informou que na maioria dos  congressos importantes que ocorrem no Brasil ministram palestras e  conferências sobre o tema.
Algumas das práticas integrativas e complementares
 Homeopatia
 A homeopatia é uma terapêutica que se desenvolveu por meio da  história, desde Hipócrates até Hahnemann, médico alemão que a propôs, no  final do século XVIII.
É um sistema científico filosófico bem determinado, com metodologia  de pesquisa própria, apoiada na experimentação clínica de medicamentos  homeopáticos. Tal processo de experimentação é realizado em indivíduos  sadios, para depois, por meio do Princípio da Semelhança, utilizá-los em  indivíduos adoecidos. É uma terapêutica denominada de vitalista, em que  o denominado princípio vital é estimulado para obtermos a homeostase,  ou seja, o equilíbrio geral do indivíduo. Os medicamentos utilizados  veem do reino vegetal, mineral ou animal e são submetidos a uma  farmacotécnica homeopática, em que se utilizam ultradiluições e  agitações (sucussões) que se corretamente prescritos e administrados  trarão inúmeros benefícios ao paciente. Sua aplicação é ampla dentro da  odontologia.
 A homeopatia em odontologia não substitui os procedimentos  técnico-operacionais convencionais, mas como as possibilidades da  terapêutica homeopática são bastante diversificadas. Ela poderá ser  aplicada na clínica geral e em todas as suas especialidades. Por vezes,  acompanhando as técnicas específicas e em outras oportunidades, como a  terapêutica de eleição.
Acupuntura
 É uma técnica que tem como origem a medicina tradicional chinesa e  que se baseia na inserção de agulhas ou qualquer outro meio de estímulo  sensorial, aplicados em áreas determinadas e escolhidas para prevenir ou  tratar diversas afecções do sistema estomatognático, além de poder  proporcionar analgesia, efeitos ansiolíticos e miorelaxantes, melhora na  função imunológica, controle de estresse e tantas outras aplicações nas  diversas áreas de atuação do dentista.
Hipnose
 Pelo uso da palavra, o cirurgião-dentista consegue promover um estado  alterado de consciência do indivíduo de modo rápido e seguro, para que o  mesmo possa ter um comportamento adequado e positivo controlando  fobias, medo, traumas e tantos outros comportamentos que limitam o  tratamento convencional.
 A Hipnose é citada e recomendada na Lei nº 5.081, de 24 de agosto de  1966 [publicada no D.O.U. de 26.8.66, retificada em 1º.9.66 e 16.6.67]  que regulamenta a profissão de cirurgião-dentista.
Terapêutica Floral
 Idealizada em suas bases por um médico inglês, Dr. Edward Bach, que  catalogou 38 medicamentos principais extraídos de flores e suas  aplicações com o intuito de promover o reequilíbrio geral do doente. Os  florais atuam sobre a desarmonia profunda que afeta o paciente,  promovendo o seu reequilíbrio, preparando o caminho para a recuperação  física.  Atuam também como preventivos, impedindo o aparecimento de  novas doenças.
Fitoterapia
 É a terapêutica mais utilizada pelos diversos povos de todo o mundo,  desde a mais antiga idade. As matérias-primas dos fitoterápicos são  plantas (folhas, caule, _ores, raízes ou frutos) com efeitos  farmacológicos medicinais, alimentícios, coadjuvantes técnicos ou  cosméticos. Em odontologia existe uma condição de sua aplicação  complementarmente a outras práticas e com possibilidade de pesquisa,  aplicação e desenvolvimento nas indústrias farmacêuticas especializadas.  De certa maneira pode haver a comparação da fitoterapia com o  tratamento com fármacos, porém com o estudo das plantas medicinais,  amplia-se o leque de aplicações que não _cariam restritas aos produtos  padronizados pela indústria farmacêutica e com maior diversidade de  emprego.
Carência de dados estatísticos
 Há carência de dados estatísticos bem como de trabalhos científicos  nas áreas relacionadas. O número de profissionais interessados é  reduzido, não deve chegar a 1.500 em todo o Brasil, o que diminui o  número de trabalhos na área. Além, disso, segundo o Dr. Hélio Sampaio  Filho, existe um crivo pelas editoras quando o assunto abordado é a  prática integrativa de modo geral.
A Homeopatia possui a Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas  Homeopatas – ABCDH (abcdhnac.blogspot.com) que tenta agregar os  profissionais atuantes. No entanto, essa não é a realidade das outras  áreas, sendo a desunião, na opinião do Dr. Hélio, o ponto crítico para  que dados estatísticos sejam produzidos e destacados.
 “Hoje conseguimos adentrar em muitas áreas do saber em  odontologia. Vemos grupos atuando clinicamente em diversos setores  dentro da Universidade de São Paulo e em outras faculdades, mas em  número bem modesto” - Dr. Helio Sampaio Filho

 
 
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